6 DE MAIO – DIA NACIONAL DO TAQUÍGRAFO
pela classe, reunida soberanamente em congresso – o
1° Congresso Brasileiro de
Taquigrafia, realizado em 1951, em São Paulo, e
promovido pelo Centro dos Taquígrafos
de São Paulo – para comemorar o Dia do Taquígrafo,
iniciativa do gaúcho Adoar Abech.
A data foi escolhida porque foi exatamente no dia 3
de maio de 1823 (há 177 anos,
portanto) que foi instituída oficialmente a
taquigrafia parlamentar no Brasil, para funcionar
na primeira Assembleia Constituinte.
A introdução da taquigrafia no parlamento
brasileiro deve-se a José Bonifácio de
Andrada e Silva.
Homem de ciência, estadista, escritor, orador
parlamentar, poeta, e considerado o
mais culto dos brasileiros do seu tempo, José
Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da
Independência” (assim intitulado por ter exercido
papel preponderante junto a Dom Pedro I
na preparação da independência do Brasil), ao ver a
grande utilidade da taquigrafia nos
parlamento de outros países lutou pela implantação
de um corpo de taquígrafos no
parlamento brasileiro.
Assim se expressou José Bonifácio, na sessão da
Constituinte, de 22 de maio:
“Eu quero somente fazer uma explicação para
ilustrar a matéria. Logo que se
convocou esta Assembleia viu Sua Majestade à
necessidade de haver taquígrafos; eu fui
encarregado de dar as precisas providências. Um
oficial da Secretaria de Estado dos
Negócios Estrangeiros se incumbiu de abrir uma aula
de taquigrafia; e alunos
matriculados trabalharam nessa aula. Para que fosse
mais assídua Sua Majestade lhes
mandou dar uma diária de duas patacas, obrigando-se
eles a aprender esta arte de que
deviam fazer uso em serviço da mesma Assembleia.
Eis aqui o que tenho que dizer para
que sirva de regulamento na deliberação.”
O oficial da Secretaria de Estado dos Negócios
Estrangeiros a que se refere José
Bonifácio é Isidoro da Costa e Oliveira Júnior.
Incumbido por Sua Majestade de preparar
os primeiros taquígrafos parlamentares brasileiros,
criou um Curso de Taquigrafia, e
ensinou o método Taylor.
Foram oito os primeiros taquígrafos parlamentares
do Brasil, que fizeram parte do
histórico período da primeira Assembleia
Constituinte do Brasil (em 1823):
Possidônio Antônio Alves
João Caetano de Almeida e Silva
Pedro Afonso de Carvalho
Manoel José Pereira da Silva
João Estevão da Cruz
José Gonçalves da Silva
Vitorino Ribeiro de Oliveira e Silva
Justiniano Maria dos Santos
Foi árduo o trabalho dos primeiros taquígrafos. As
condições em que trabalhavam
eram adversas. Era reduzido o número desses
profissionais (oito); escrevia-se com pena de
pato (material não apropriado para apanhamentos
taquigráficos em altas velocidades); não
contavam com sistema de som como hoje em dia; fazia
à tradução dos apanhamentos taquigráficos a mão, já que não dispunham de
máquinas de escrever; ficavam situados a
grande distância dos oradores, pois, por causa de
um preconceito da época, era vedada a
entrada de taquígrafos no interior do recinto (o
recinto era exclusivamente reservado para
os senhores constituintes); e para piorar, no local
a eles reservado para taquigrafar, ouvia-se
o estrépito da rua comunicado à sala pelas janelas
abertas.
Mas, em que pesem todos esses entraves para o bom
desempenho de suas funções, foi
o trabalho abnegado dos oito primeiros taquígrafos
parlamentares brasileiros que permitiu
tivesse sido conservado até hoje o que nos legaram
os primeiros legisladores do Império.
Conforme muito bem expressou Antônio Pereira Pinto,
em 1873, no “Memorial” em
que narra à história dos Anais da Assembleia
Constituinte de 1823, “sem a Taquigrafia,
estaria irremediavelmente perdido o rico manancial
de estudo e de elementos históricos”
***
NOTA: No que se refere ao tempo gasto na preparação
dos oito taquígrafos para
funcionarem na Assembleia Constituinte, vamos
transcrever aqui um trecho do opúsculo
“Manuscrito n° 5750 do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (Um estudo sobre
taquigrafia)”, preparado pelo renomado Prof.
Adhemar Ferreira Lima.
(Pág.20) “Se o curso foi criado “logo que se
convocou esta Assembleia”, como disse
o Patriarca, a sua instalação se teria dado logo
depois de 3 de junho de 1882, data da
convocação. Tudo indica que o oficial da Secretaria
de Estado dos Negócios Estrangeiros”
a que se refere José Bonifácio era Isidoro da Costa
Oliveira.
O Dr. Salomão de Vasconcellos (Cem anos de
Tachygraphia no Brasil, in “Revista
Taquigráfica”, Rio de Janeiro, fev. 1934, n° 14)
demonstra, entretanto, que a primeira aula
de taquigrafia no Brasil deve ter funcionado em
1821. Baseia-se na referência feita por
José Pereira da Silva (Silva Velho) com relação aos
taquígrafos que funcionaram na
Constituinte, quando diz:
“...apesar de terem uma prática assídua na aula de
taquigrafia por espaço de dois
anos”.
Tendo sido instalada a Assembleia Constituinte em
1823, só poderiam os taquígrafos
terem “uma prática...por espaço de dois anos”,
tendo aprendido a técnica em 1821.
Corrobora Salomão de Vasconcellos essa afirmação de
Silva Velho com um Parecer
de 3 de agosto de 1826, publicado nos Anais do
Senado (Anais do Senado, t.4,p.11-12)
relativo a um requerimento do taquígrafo João
Caetano de Almeida, no qual declara que o
governo – “desde 1821 o mandara aprender, exercitar
e ensinar a arte...”
WALDIR CURY
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