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quinta-feira, 23 de maio de 2013

24 DE MAIO, DIA DO DATILOGRAFO


COMEMORAMOS HOJE O DIA DO DATILOGRAFO


Essenciais em qualquer escritório do planeta em décadas passadas, atualmente as velhas máquinas de escrever, elétricas ou mecânicas, são peças de museu. Foram substituídas ao longo dos anos pelos modernos computadores. O profissional especializado em datilografia passou para a história.

No dia 24 de maio, comemora-se o Dia do Datilógrafo, uma data que a informática tornou sem sentido. O datilógrafo usava máquina de escrever, que imprimia o texto diretamente em uma folha de papel. Se errasse uma letra que fosse, não tinha como deletá-la e escrever de novo. Restava-lhe reescrever o texto, ou apagar a letra errada. Neste caso, usava uma borracha, ou uma tinta branca, aplicada como quem passa esmalte na unha. Então, rebatia a letra certa. Não ficava um primor, mas... A máquina de escrever, afinal, era um utilíssimo instrumento mecânico, mas sem recursos especiais.



Os "tipos" (letra ou outro sinal, gravado em relevo numa das faces, para se reproduzir, por meio de impressão, em superfície apropriada) das máquinas de escrever tinham de ser limpos regularmente. A máquina foi indispensável desde que passou a ser fabricada em série, em 1868, nos Estados Unidos. O fabricante, Christopher Scholes, pediu à sua filha Lílian que experimentasse uma delas. Lílian foi considerada a primeira mulher da história a usar a máquina de escrever. Secretária – No centenário de seu nascimento, em 1950, os fabricantes dessas máquinas elegeram, para comemorar, a melhor datilógrafa. Surgiu daí o Dia da Secretária.

Ana Maria Guida ainda estava no ginásio, em Guarulhos, quando entrou para a escola de datilografia. Escrever à máquina era imprescindível para conseguir um emprego. Em 1969, formada em química industrial e boa datilógrafa, conquistou o cargo de secretária de gerência, na Indústria Pfizer. Elétricas – Seu principal instrumento de trabalho era uma máquina Olivetti. Já havia máquinas elétricas (com o mesmo princípio das outras), mas estas eram só para secretárias de diretores. "Sem máquina de escrever não teríamos como trabalhar", diz Ana, hoje, aos 63 anos. Ela datilografava os relatórios mensais, de 25 páginas. E, no dia-a-dia, memorandos e outros papéis. "Eu gostava muito de datilografar. A máquina para mim era quase um piano", completa Ana, que toca piano desde menina.

Para conseguir um bom emprego, era essencial que a pessoa fosse datilógrafa. Hoje, essa palavra, que traduz o profissional que escreve rápido na máquina de escrever, pode soar estranho para as novas gerações.Um dos trabalhos das secretárias era limpar os tipos da máquina, onde estão as letras. Os tipos batiam em uma fita tintada e assim imprimiam as letras no papel. Mas resíduos da fita iam-se acumulado nos tipos. A letra "o" , por exemplo, acabava virando uma bolinha preta. As máquinas estavam sempre tinindo. A função das secretárias era muito prestigiada. No Dia da Secretária, elas recebiam flores e eram levadas a almoço especial. "Fazíamos roupa para esse dia." Ana teve outros empregos e, em 1989, começou em uma faculdade. Agora, trabalhava com um computador. Mas lhe trouxeram um problema: notas promissórias teriam que ser preenchidas na máquina de escrever. Para ela, problema nenhum. Ela gosta de trabalhar no computador. "Se eu fosse escrever à máquina, hoje, acho que enfiaria os dedos no meio do teclado", diz.

Uma hora de aula, de segunda a sexta-feira. Na primeira lição, o aluno treinava por uma hora as letras a,s,d,f,g com a mão esquerda - ç, l, k, j, h, com a direita. Mais para frente, uma plaqueta era colocada um palmo acima do teclado. O aluno não via as teclas e, assim, aprendia a escrever sem olhar para elas. Ao ser diplomado, tinha não só a habilidade para datilografar, mas conhecia o texto de cartas comerciais, ofícios, e outras exigências da época. Também aprendia postura para sentar à frente da máquina. Estava pronto para trabalhar.

Aureliano, o resistente Aureliano Nunes em sua loja: computador, só para as contas. Computador, Aureliano Nunes não quer "nem ver pela frente." Sua paixão é a máquina de escrever. Acha que seu uso nunca vai acabar. Prova disso é que prepara seu filho, de 16 anos, para sucedê-lo em seu negócio: conserto e venda de máquinas de escrever. Mantém sua loja, no mesmo lugar, no centro de Guarulhos, há 38 anos. Acha que algum fabricante ainda vai voltar a fabricar essas máquinas, por serem indispensáveis. Mas o computador escreve e transmite... "Não tem problema, você escreve na máquina e passa pelo fax." O fato é que o movimento da loja caiu bem. "Era muito bom", diz Aureliano, 44 anos. "Hoje, vou sobrevivendo." Diz que alguns escritórios ainda usam máquina de escrever para alguns trabalhos. Assim como fazem despachantes e contadores, para preencher guias e formulários. "Mas o cliente particular desapareceu." Quem tinha máquina de escrever em casa trocou pelo computador. Afinal, ache Aureliano o que achar, máquina de escrever não se conecta com a internet. Para o conserto e manutenção das máquinas, Aureliano não dispõe de peças novas. Manda as defeituosas para pessoas especializadas em recuperá-las. Soldam, moldam, refazem a peça.



As prateleiras da loja mostram máquinas usadas, revisadas, à venda. Olivetti semi-portátil, R$ 280. Mesma marca, Línea 98, R$ 380. IBM elétrica, R$ 650. Todas prontas para usar. Um cliente de Aureliano tem seu escritório de despachante bem próximo. Ernesto Hilário Kuhn trabalha há 31 anos com suas duas Remingtons. Com elas, preenche papéis como as fichas de controle do escritório. "Gosto das minhas máquinas", diz. Nem lhe passa pela cabeça encostá-las. O computador, no entanto, também está ali. Com ele, paga as taxas do Detran e as contas do banco.

Essenciais em qualquer escritório do planeta em décadas passadas, atualmente as velhas máquinas de escrever, elétricas ou mecânicas, são peças de museu. Foram substituídas ao longo dos anos pelos modernos computadores.

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