COMEMORAMOS HOJE O DIA DO DATILOGRAFO
Essenciais em
qualquer escritório do planeta em décadas passadas, atualmente as velhas
máquinas de escrever, elétricas ou mecânicas, são peças de museu. Foram
substituídas ao longo dos anos pelos modernos computadores. O profissional
especializado em datilografia passou para a história.
No dia 24
de maio, comemora-se o Dia do Datilógrafo, uma data
que a informática tornou sem sentido. O datilógrafo usava máquina de escrever,
que imprimia o texto diretamente em uma folha de papel. Se errasse uma letra
que fosse, não tinha como deletá-la e escrever de novo. Restava-lhe reescrever
o texto, ou apagar a letra errada. Neste caso, usava uma borracha, ou uma tinta
branca, aplicada como quem passa esmalte na unha. Então, rebatia a letra certa.
Não ficava um primor, mas... A máquina de escrever, afinal, era um utilíssimo
instrumento mecânico, mas sem recursos especiais.
Os "tipos"
(letra ou outro sinal, gravado em relevo numa das faces, para se reproduzir,
por meio de impressão, em superfície apropriada) das máquinas de escrever
tinham de ser limpos regularmente. A máquina foi indispensável desde que passou
a ser fabricada em série, em 1868, nos Estados Unidos. O fabricante,
Christopher Scholes, pediu à sua filha Lílian que experimentasse uma delas.
Lílian foi considerada a primeira mulher da história a usar a máquina de
escrever. Secretária – No centenário de seu nascimento, em 1950, os fabricantes
dessas máquinas elegeram, para comemorar, a melhor datilógrafa. Surgiu daí o
Dia da Secretária.
Ana Maria Guida ainda
estava no ginásio, em Guarulhos, quando entrou para a escola de datilografia.
Escrever à máquina era imprescindível para conseguir um emprego. Em 1969,
formada em química industrial e boa datilógrafa, conquistou o cargo de
secretária de gerência, na Indústria Pfizer. Elétricas – Seu principal
instrumento de trabalho era uma máquina Olivetti. Já havia máquinas elétricas
(com o mesmo princípio das outras), mas estas eram só para secretárias de
diretores. "Sem máquina de escrever não teríamos como trabalhar", diz
Ana, hoje, aos 63 anos. Ela datilografava os relatórios mensais, de 25 páginas.
E, no dia-a-dia, memorandos e outros papéis. "Eu gostava muito de
datilografar. A máquina para mim era quase um piano", completa Ana, que
toca piano desde menina.
Para conseguir um bom
emprego, era essencial que a pessoa fosse datilógrafa. Hoje, essa palavra, que
traduz o profissional que escreve rápido na máquina de escrever, pode soar
estranho para as novas gerações.Um dos trabalhos das secretárias era limpar os
tipos da máquina, onde estão as letras. Os tipos batiam em uma fita tintada e
assim imprimiam as letras no papel. Mas resíduos da fita iam-se acumulado nos
tipos. A letra "o" , por exemplo, acabava virando uma bolinha preta.
As máquinas estavam sempre tinindo. A função das secretárias era muito
prestigiada. No Dia da Secretária, elas recebiam flores e eram levadas a almoço
especial. "Fazíamos roupa para esse dia." Ana teve outros empregos e,
em 1989, começou em uma faculdade. Agora, trabalhava com um computador. Mas lhe
trouxeram um problema: notas promissórias teriam que ser preenchidas na máquina
de escrever. Para ela, problema nenhum. Ela gosta de trabalhar no computador.
"Se eu fosse escrever à máquina, hoje, acho que enfiaria os dedos no meio
do teclado", diz.
Uma hora de aula, de
segunda a sexta-feira. Na primeira lição, o aluno treinava por uma hora as
letras a,s,d,f,g com a mão esquerda - ç, l, k, j, h, com a direita. Mais para
frente, uma plaqueta era colocada um palmo acima do teclado. O aluno não via as
teclas e, assim, aprendia a escrever sem olhar para elas. Ao ser diplomado,
tinha não só a habilidade para datilografar, mas conhecia o texto de cartas
comerciais, ofícios, e outras exigências da época. Também aprendia postura para
sentar à frente da máquina. Estava pronto para trabalhar.
Aureliano, o
resistente Aureliano Nunes em sua loja: computador, só para as contas.
Computador, Aureliano Nunes não quer "nem ver pela frente." Sua
paixão é a máquina de escrever. Acha que seu uso nunca vai acabar. Prova disso
é que prepara seu filho, de 16 anos, para sucedê-lo em seu negócio: conserto e
venda de máquinas de escrever. Mantém sua loja, no mesmo lugar, no centro de
Guarulhos, há 38 anos. Acha que algum fabricante ainda vai voltar a fabricar
essas máquinas, por serem indispensáveis. Mas o computador escreve e
transmite... "Não tem problema, você escreve na máquina e passa pelo
fax." O fato é que o movimento da loja caiu bem. "Era muito
bom", diz Aureliano, 44 anos. "Hoje, vou sobrevivendo." Diz que
alguns escritórios ainda usam máquina de escrever para alguns trabalhos. Assim
como fazem despachantes e contadores, para preencher guias e formulários.
"Mas o cliente particular desapareceu." Quem tinha máquina de
escrever em casa trocou pelo computador. Afinal, ache Aureliano o que achar,
máquina de escrever não se conecta com a internet. Para o conserto e manutenção
das máquinas, Aureliano não dispõe de peças novas. Manda as defeituosas para
pessoas especializadas em recuperá-las. Soldam, moldam, refazem a peça.
As prateleiras da
loja mostram máquinas usadas, revisadas, à venda. Olivetti semi-portátil, R$
280. Mesma marca, Línea 98, R$ 380. IBM elétrica, R$ 650. Todas prontas para
usar. Um cliente de Aureliano tem seu escritório de despachante bem próximo.
Ernesto Hilário Kuhn trabalha há 31 anos com suas duas Remingtons. Com elas, preenche
papéis como as fichas de controle do escritório. "Gosto das minhas
máquinas", diz. Nem lhe passa pela cabeça encostá-las. O computador, no
entanto, também está ali. Com ele, paga as taxas do Detran e as contas do
banco.
Essenciais em
qualquer escritório do planeta em décadas passadas, atualmente as velhas
máquinas de escrever, elétricas ou mecânicas, são peças de museu. Foram
substituídas ao longo dos anos pelos modernos computadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário